quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A classe média e sua evolução em Sergipe



Estudo do "Observatório de Sergipe" aponta o crescimento da classe média em Sergipe, acima da média do país, e confirma o acerto das políticas sociais aplicadas no decorrer da última década.


José de Oliveira Júnior
Subsecretário de Desenvolvimento Energético 
do Governo do Estado de Sergipe


O “observatório de Sergipe” acaba de divulgar um interessante estudo sobre a evolução da classe média sergipana, usando o conceito metodológico desenvolvido pela Secretaria de Assuntos Estratégica da Presidência da República orientada à elaboração de políticas públicas para a superação da pobreza. A fonte bruta dos dados é a PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, e o período coberto é de uma década inteira, de 2002 a 2012.
O estudo ajuda a esclarecer como e em que medida, as escolhas acertadas de políticas sociais para a redução da pobreza modificaram profundamente o panorama da distribuição da renda no Brasil e, de uma forma ainda mais acentuada, em Sergipe.
Os dois principais infográficos do estudo já são, por si só, esclarecedores:





Mais de um milhão de pessoas, quase o dobro da quantidade absoluta verificada em 2002, compõem a classe média definida por um corte de renda per capita que é de R$ 291 ao mês. E esta alteração do perfil de renda teve um movimento razoavelmente constante ao longo do período como a figura dois detalha:




Como se vê, o topo da pirâmide cresceu bastante, de 7% para 12%. A soma dos estratos superiores sai de 36% da população, em 2002, para 60% da população, em 2012. Os realmente pobres tiveram uma redução de 64% da população para 40% em 2012.
Comparando esses números com a média do país, percebemos que o movimento de redução da desigualdade de renda foi bem mais incisivo em Sergipe que no Brasil, fato que também percebido em relação à região Nordeste como um todo.  Diz o estudo que “nesse período, em Sergipe, mais de 480 mil pessoas passaram a compor a nova classe média, registrando um crescimento de 87%, acima da taxa nacional que foi de 54%”.
E, aqui, uma conclusão auspiciosa: “a transição demográfica e as políticas de transferência de renda, como o Programa Bolsa-Família, foram importantes no processo de inclusão dos mais pobres, mas a renda do trabalho é o principal alicerce para sustentabilidade da nova classe média. Vários são os indicadores extraídos da PNAD que apontam o protagonismo da renda do trabalho na ascensão tanto da classe média brasileira como da sergipana na última década. Foram criados mais de 167 mil novos empregos com carteira assinada de 2001 a 2011. A taxa de pessoas economicamente ativas alcançou, em 2012, 67,7%, a mais elevada dos últimos 10 anos. Com uma taxa de 47%, Sergipe é o 2º estado com o maior índice de formalização da região nordeste. O rendimento médio mensal real do trabalhador atingiu R$ 1.163,00, em 2012, o maior do Nordeste. A taxa de desemprego foi de 7,7% em 2012, o menor nível em 10 anos”.
O estudo examina vários outros indicadores, e por isso recomendo fortemente a leitura do texto completo que pode ser obtido no link http://www.observatorio.se.gov.br. O observatório é o ponto virtual onde se concentram dados estatísticos, mapas e outras informações sobre Sergipe. É mantido pela SEPLAG/SE – Secretaria do Planejamento, Orçamento e Gestão, e dirigido pelo competente técnico em gestão pública, Marcel Resende. Têm gerado excelente dados de apoio ao estudo da realidade social de Sergipe, e por isso me orgulho muito de tê-lo fundado, quando Secretário da SEPLAG.
Por fim, acresço apenas um comentário sobre a principal crítica que tem sido produzida a estudos como esse aqui noticiado: trata-se do “ponto de corte” escolhido na metodologia da SAE para definir classe média, usando o valor de apenas R$ 291 como renda per capita mensal para defini-la. Algumas pessoas, sobretudo fora do meio acadêmico, tendem a achar que classe média deveria analisar os estratos de renda superiores, em uma faixa de corte que contemple alto padrão de consumo e forte protagonismo social.
Bem, os resultados dessas propostas, ainda que fossem úteis para entender a realidade brasileira, diriam infelizmente pouco para as políticas superação da pobreza. Isto porque a acentuada desigualdade verificada no Brasil faz com que políticas dirigidas à tais estratos sejam ineficientes para proteger quem realmente está em situação de miséria: acima da renda per capita de R$ 2.400, por exemplo, estão apenas 5% da população brasileira. Imagina se fossem justamente estes os privilegiados por políticas públicas: o resultado seria a concentração da renda, e não necessariamente a redução da miséria.
O conceito de classe média portanto não é um achismo, não foi criado para combinar com a percepção de riqueza do senso comum, e não serve para conceitos individuais. Sua base é o critério de vulnerabilidade do público alvo dos programas de transferência de renda. E o resultado é uma prova inconteste de que as mudanças introduzidas no país promoveram mudanças sociais efetivas, retirando pessoas da extrema pobreza e promovendo um  desenvolvimento mais igualitário. Em Sergipe, essa linha foi ainda mais forte, como desejava o Governador Marcelo Déda, que formulou como base dos seus programas de governo, o conceito da inclusão social, separando-a na inclusão pela renda e na inclusão pelo direito. Mas isso já é assunto para outro post.




Lins importantes:

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