sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Potencial energético de Sergipe atrai grandes empreendimentos


Sergipe tem cinco grandes potenciais de geração energética. Além da produção hidroelétrica, através de Xingó, o estado irá contar com a termoelétrica Usina Porto de Sergipe I, que recentemente lançou sua pedra fundamental na Barra dos Coqueiros e tem previsão para começar a operar em janeiro de 2020, possui um parque eólico no mesmo município, e tem previsão de receber mais um com produção 17 vezes maior, e ainda tem capacidade e exemplos de implementação de geração de energia solar e através da cana-de-açúcar.

Sergipe é um estado rico em termos de produção energética, segundo o assessor especial do governo para políticas de desenvolvimento, Oliveira Júnior. (Foto: André Moreira/ASN)
Sergipe é um estado rico em termos de produção energética, segundo o assessor especial do governo para políticas de desenvolvimento, Oliveira Júnior. (Foto: André Moreira/ASN)
A Usina Termoelétrica (UTE) Porto de Sergipe I fornecerá 1,5 mil megawatts (MW) de energia, metade do que é gerado pela hidroelétrica de Xingó, tornando-se a maior da América Latina. A previsão é que as obras durem 36 meses, gerando 1.700 empregos diretos e indiretos nesse período. O investimento é de mais de R$ 5 bilhões e o grupo responsável pelo empreendimento é o GG Power.

Gerando energia a partir do gás natural, a termoelétrica vai promover o fortalecimento do Porto de Sergipe, por onde será feita a importação do gás, além de ser atração para novos investimentos. A UTE integra também um navio estação de regaseificação. Todo projeto contou com apoio da gestão estadual, por meio do Plano Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI).


Edição de 07/10/2016 do Jornal da Cidade.
Edição impressa do Jornal da Cidade de -7/10/2016.


A previsão é que, além do primeiro projeto, Sergipe desenvolva o Complexo de Geração de Energia Governador Marcelo Déda, que poderá gerar 3 mil megawatts de energia. O grande empreendimento prevê a implantação de mais duas usinas de geração termoelétrica: UTE Marcelo Déda e UTE Laranjeiras. Essas serão ofertadas nos próximos leilões de energia realizados pela Agência Nacional de energia Elétrica (Aneel) e pela estatal Empresa Brasileira de Pesquisa Energética (EPE).

O presidente do grupo GG Power, uma joint venture [empreendimento conjunto] formada entre a GenPower, a britânica LNG Golar Participações S/A e a EBrasil – Eletricidade do Brasil S/A, Marcos Grecco, relatou que Sergipe demonstrou condição propícia para instalação do projeto. “Com a termoelétrica, o estado passa a ser grande produtor de energia, conectado na rede de distribuição nacional e isso beneficia todo o país. É importante dizer que, com as expansões e com os próximos leilões, a gente tenha a possibilidade de ter aqui o maior complexo de termoelétrica do país”, informou.

Potencial energético


Sergipe é um estado rico em termos de produção energética, segundo o assessor especial do governo para políticas de desenvolvimento, Oliveira Júnior. Ele explica que nossa localidade possui um fator muito importante, que é infraestrutura de qualidade. Além de ter acesso fácil a insumos que permitem a geração de energia, Sergipe tem rede de distribuição que permite alcançar diversos lugares do país. “A questão da exportação da energia produzida em Sergipe não é algo que vem de agora, e sim da época da implantação da hidroelétrica de Xingó. Para a energia ser distribuída, eram necessários linhões de produção, que são aqueles grandes fios que vemos sobre canaviais e nas estradas sergipanas. E é isso que é utilizado atualmente”.

Oliveira Júnior comenta que começaram a vir para Sergipe alguns projetos importantes, sendo o primeiro, e que merece destaque pelo porte, a Usina Termoelétrica Porto de Sergipe I. “Com a percepção de que o estado é um bom lugar para produção de energia, começaram a surgir projetos vendidos em leilões. E o mecanismo de compra e venda de energia é um mercado muito ativo no Brasil. Aqui, por exemplo, podemos produzir energia de várias fontes”, acrescentou.


Imagem ilustrativa do site SE Notícias.


A produção de energia é o combustível da indústria. Ou seja, para o assessor de políticas de desenvolvimento do governo, não existe produção industrial sem alta disponibilidade energética. Isso é um dos fatores observados no momento em que alguma empresa decide instalar-se em algum estado, e Sergipe começa a dispor de atrativos para ampliar seu leque fabril.
“A produção industrial em alta escala precisa de disponibilidade abundante de energia elétrica. Então Sergipe ter empreendimentos capazes de produzir grandes quantidades de energia, significa que está se dotando de infraestrutura suficiente para atrair outras empresas. Outro detalhe é que o estado também consegue garantir disponibilidade energética para localidades vizinhas, que vão ter acesso a preços otimizados”, pontuou Oliveira Júnior.

Energia eólica


Já existente em Sergipe, a geração de energia a partir do vento é explorada no município de Barra dos Coqueiros, e pretende ser ampliada a partir da instalação de novo empreendimento, cerca de 17 vezes maior, com previsão de instalação em Riachão do Dantas. A Usina de Energia Eólica (UEE) atual possui 23 torres, com produção de 34,5 MW, e foi a primeira fonte de energia renovável no estado, segundo o assessor do governo. “A geração desse tipo de energia é importantíssima. Ela é produzida a partir de fontes que não se acabam”.

Já o novo projeto eólico de Sergipe, além de Riachão do Dantas, pode abranger os municípios de Tobias Barreto e Simão Dias. A escolha da área, segundo Oliveira Júnior, foi devido ao potencial, por ser uma área de serras. “Esse projeto da Sowitec será explorado, em sua totalidade, ao longo dos próximos 10 anos. A empresa alemã vai disputar seu primeiro leilão este ano. A meta é produzir 510 MW de energia em Sergipe. É algo muito maior que o parque atual, na Barra, e com aerogeradores mais modernos. O investimento completo pode chegar a R$ 1,5 bilhão, sendo R$ 400 milhões o valor da primeira fase e produção inicial de 140 MW”.

Energia solar

Outro grande interesse de energia renovável em Sergipe é a solar. De acordo com o assessor especial do governo para políticas de desenvolvimento, atualmente, tanto a empresa Sowitec, quanto a Brazil Energy têm projetos em andamento para o aproveitamento no estado. “No mundo todo essa fonte de energia surge como opção interessante e importante para o futuro. As medições iniciais do potencial solar de Sergipe já foram iniciadas e os indicativos que temos é que a produção dessa fonte de energia é boa. Por isso, temos esperança de termos, dentro de um prazo de um ano e meio, pelo menos dois grandes projetos”, afirmou.

A novidade é que, além dessas empresas, o grupo GG Power, da instalação da Usina Termoelétrica, estuda a viabilidade de produzir energia eólica. A intenção foi anunciada pelo presidente do grupo, Marcos Grecco, durante o lançamento da pedra fundamental da UTE em setembro.

Energia da cana-de-açúcar

A energia produzida a partir do bagaço da cana-de-açúcar, em Sergipe, é proveniente de, pelo menos, três grupos econômicos: Iolando Leite, em Capela, com produção de 8 MW; Campo Lindo, em Nossa Senhora das Dores, 25 MW; e São José do Pinheiro, em Laranjeiras, 17,5 MW. São usinas que, além de produzir álcool combustível, o etanol, que é fonte de energia, também aproveitam a cana para gerar energia termoelétrica para vender. Segundo Oliveira Júnior, elas são importantes e geram renda adicional muito importante no campo, gerando reflexo na economia de cana-de-açúcar.

Microgeração de energia


Importante no setor de energia, a microgeração, produção de pequenas quantidades de energia, é uma opção para particulares que queiram investir no setor. Segundo o assessor do governo, nesse sentido, observa-se muito o desenvolvimento para geração de energia solar, através da colocação de painéis em telhados. A produção é comercializada para a Companhia de Energia que, consequentemente, abate a venda na conta do consumidor que a forneceu.

“Não é investimento muito caro e existem instituições que financiam isso. É um mercado em franco crescimento no Brasil. Existem várias empresas especializadas que podem fazer instalações solares, dão o suporte necessário para saber o que comprar, onde instalar, qual a capacidade de geração, e a legislação brasileira permite que a energia seja vendida. Isso tem efeito muito saudável para o conjunto da economia, e significa menores custos e maior disponibilidade energética. Para o consumidor,  isso também pode significar alívio na conta de energia, além do uso de fonte limpa e renovável. São várias vantagens da microgeração de energia”, destacou Oliveira Júnior.


Links para publicações:
http://senoticias.com.br/se/potencial-energetico-de-sergipe-atrai-grandes-empreendimentos/
Edição do Jornal da Cidade para download:
http://www.jornaldacidade.net/sgw/upload/JC_07-10-2016.pdf

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Significados da implantação da Usina Termelétrica Porto de Sergipe

Ricardo Lacerda* e Oliveira Júnior*

Foi lançada na última quarta-feira no município da Barra dos Coqueiros, com a presença do Governador Jackson Barreto, a pedra fundamental da Usina Termoelétrica (UTE) Porto de Sergipe. A UTE Porto de Sergipe terá a capacidade de gerar 1.500 MGW e é, no momento, a maior usina termoelétrica projetada do país e da América Latina. Para avaliar a dimensão do empreendimento é suficiente assinalar que a UTE Porto de Sergipe equivale a meia Usina Hidrelétrica de Xingó, situada na divisa entre Sergipe e Alagoas, que tem o potencial de geração de 3.162 MGW.
A previsão é que as obras de instalação da UTE durem 36 meses e que, em 2019, a Usina Porto de Sergipe já esteja pronta. Por obrigação contratual, ela deverá entrar em plena operação no início de 2020.

A UTE Porto de Sergipe integrará o Complexo de Geração de Energia Governador Marcelo Déda que prevê a instalação de duas outras unidades. Para gerir a UTE foi criada a empresa Centrais Elétricas de Sergipe, a CELSE, cuja dimensão dos negócios já a qualifica como um dos maiores empreendimentos industriais privados do estado, somente rivalizado pela empresa Vale. Os investimentos para a instalação das unidades deverão alcançar montante superior a R$ 5 bilhões. No período de instalação da UTE Porto de Sergipe serão gerados 1.700 empregos, entre diretos e indiretos.

A implantação de empreendimento de tal porte, em uma atividade estratégica para o desenvolvimento econômico como a geração de energia, tem muitos significados para Sergipe e para o Brasil e, ao mesmo tempo, reflete uma mudança radical na institucionalidade que marcará daqui por diante os grandes projetos de infraestrutura energética a serem implantados no país.
É simbólico que o empreendimento se situe no espaço destinado nos anos noventa ao Polo Cloroquímico de Sergipe, em área contígua ao Terminal Portuário Inácio Barbosa.

O Pólo Cloroquímico de Sergipe

Quem consultasse no início dos anos noventa o verbete Sergipe na versão brasileira da Enciclopédia Britânica, antes mesmo da internet ser lançada, lá veria que o Pólo Cloroquímico de Sergipe era o principal projeto de desenvolvimento do estado.
O polo foi criado por decreto presidencial ainda nos anos oitenta. Em dez de março de 1988, o presidente José Sarney assinou o decreto nº 95.813 instituindo “o pólo cloroquímico de Sergipe a ser localizado nos municípios de Barra dos Coqueiros e Santo Amaro das Brotas”.
No decreto de sua criação institucional foi assinalado que
“os projetos aprovados para o Pólo Cloroquímico de Sergipe serão considerados prioritários para efeito de concessão de incentivos fiscais e financeiros, para alocação de recursos públicos federais, bem como poderão obter recomendação de serem declarados de relevante interesse nacional”.
O Polo Cloroquímico de Sergipe, como se sabe, jamais saiu do papel. Apesar dos investimentos feitos na infraestrutura de terraplanagem, drenagem e pavimentação das vias internas nenhuma empresa cloroquímica ou de outro setor de atividade foi instalada na área.
Não foi, certamente, por falta de empenho de governantes e técnicos que o polo cloroquímico não se concretizou e sim por conta de profundas mudanças nas formas de regulamentação das atividades no setor.

Nova institucionalidade

As novas formas de funcionamento da economia brasileira inauguradas na década de noventa, com a abertura do mercado interno à competição global e com a desregulamentação da atividade produtiva, muito especificamente nos polos de  indústrias de base, encerrou as perspectivas de implantação de novos complexos capitaneados pelo setor produtivo estatal, fortemente protegidos da competição externa.
Nesses quase trinta anos entre a concepção do Polo Cloroquímico de Sergipe e o início da implantação do Complexo de Geração de Energia Governador Marcelo Déda  tivemos não apenas a reforma ortográfica que retirou o acento agudo da palavra polo como a natureza da regulamentação da atividade econômica sofreu radical transformação.
A UTE Porto de Sergipe resultou de arranjo institucional complexo que foi estruturado entre empresas nacionais, empresas transnacionais provedoras de tecnologia e de suprimentos e fundos de investimentos estrangeiros.

O Consórcio

A concepção do projeto teve início ainda em 2012 quando a empresa brasileira GenPower procurou o Governo de Sergipe demonstrando interesse em implantar uma unidade de geração de energia no estado. Ao lado de parceiros, o grupo empresarial alcançou sucesso no Leilão A-5 de Energia de abril de 2015 para a implantação da UTE Porto de Sergipe.
A estruturação do projeto contou com a participação da Golar LNG Limited, empresa de origem inglesa, sócia do empreendimento e fornecedora do navio de regaseificação, e do grupo pernambucano de energia EBrasil.  
A gigante petrolífera Exxon Mobil participa com o megacontrato para fornecimento de gás natural para a Usina Termoelétrica Porto de Sergipe, decisivo para a implantação do empreendimento. Os investidores formaram o grupo GG Power, responsável pelo projeto. O grupo GG Power tem como parceiro investidor na UTE Porto de Sergipe a Stonepeak Infrastructure Partners, fundo de investimento norte-americano com sede em Nova York.
Será instalada uma unidade flutuante de regaseificação no Teminal Marítimo Inácio Barbosa que recebe o gás natural em estado líquido e o devolve ao estado gasoso.
O Complexo Termoelétrico Governador Marcelo Déda prevê a instalação de mais duas usinas de geração, a UTE Marcelo Déda e UTE Laranjeiras que virão a ser disponibilizadas em leilão da ANEEL. Quando completo, o complexo gerará cerca de 3 mil megawatts de energia, da mesma grandeza da Hidrelétrica de Xingó.
A viabilização da UTE Porto de Sergipe é o início da concretização do sonho acalentado por décadas de implantação de um polo industrial de grande porte na região portuária de Sergipe. A expectativa do governo e dos investidores é de que a disponibilidade de ampla oferta de gás natural atrairá importantes projetos industriais para a região, em prol do desenvolvimento econômico e social de Sergipe, em formato institucional que não estava no horizonte das possibilidades nos anos oitenta e noventa.





*Economistas e Assessores de desenvolvimento do Governo de Sergipe.
Publicado no Jornal da Cidade, em 02 de outubro de 2016

Link para edição integral em PDF do "Jornal da Cidade" na edição indicada: http://www.jornaldacidade.net/sgw/upload/2016-10-03_06-39-25_1.pdf